Desastres climáticos de “menor impacto” capazes de causar morte, deslocamento e sofrimento ocorrem, atualmente, ao menos uma vez por semana. É o que alerta a diplomata Mami Mizutori, representante especial do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) para Redução de Riscos de Desastres. Segundo Mizutori, esses eventos – como tempestades, inundações e ondas intensas de calor – geralmente são ofuscados por desastres catastróficos como os dois ciclones que destruíram Moçambique no início deste ano. A diplomata ressalta que as crises climáticas de pequena escala estão acontecendo muito mais rapidamente e com mais frequência do que previsto anteriormente.
Alerta
Mami Mizutori salienta que é essencial, portanto, que os governos parem de encarar a mudança climática como uma questão de longo prazo e, em vez disso, passem a investir em medidas de “adaptação e resiliência” destinadas a conter os efeitos dos eventos de impacto mais baixo. “Isso não é sobre o futuro, é sobre hoje”, ressalta ela.
Grande parte da discussão em torno das mudanças climáticas centra-se na mitigação, ou na redução das emissões de gases do efeito estufa, em vez de adaptação, assinala Harvey em sua matéria. Esse tipo de abordagem facilita quantificações e evita incentivar uma falsa sensação de complacência em relação à urgência de reduzir as emissões, mas, para Mizutori, o mundo não está mais em um ponto em que podemos simplesmente escolher entre mitigação e adaptação.
“Falamos de uma emergência climática e de uma crise climática, mas se não conseguirmos enfrentar isso [a questão da adaptação aos efeitos], não sobreviveremos”, diz ela. “Precisamos olhar para os riscos de não investir em resiliência.”
Danos
Segundo um relatório de 2017 do Banco Mundial e da Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres, desastres naturais extremos causam danos globais de aproximadamente US$ 520 bilhões por ano, levando aproximadamente 26 milhões de pessoas à pobreza nesse período. Em seu artigo, Harvey mostra que o custo de implementação de infraestruturas que resistam ao aquecimento equivaleria a um custo adicional de apenas 3% ao ano, ou US$ 2,7 trilhões nos próximos 20 anos.
O aumento dos padrões de resiliência para infraestrutura, como habitação, transporte e redes de fornecimento de energia e água, pode ajudar as regiões vulneráveis a evitar os piores efeitos das inundações, secas e outras formas de clima extremo. Diante dos preços relativamente baixos de tais medidas preventivas, Mizutori afirma que os investidores “não têm feito o suficiente” e que “a resiliência precisa se tornar uma mercadoria pela qual as pessoas vão pagar”.
Fonte: Revista Planeta
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